Recém-aberta em novo espaço no Jardim Botânico, a Galeria de Arte Ibeu irá inaugurar, no dia 22 de junho, às 18h30, a individual “Acordo”, de Julia Kater, artista francesa radicada no Brasil que foi selecionada através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra – que é a segunda feita na nova sede – é composta por uma instalação contendo som e um vídeo elaborado a partir de fotos feitas por Julia, e projetado em grande formato. O texto crítico é assinado por Julia Lima, curadora independente que fez parte do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake.
O vídeo “Acordo” trata do encontro de dois corpos no espaço, dando origem a um novo território, uma espécie de zona de acordo capaz de extravasar os limites e demarcações antes impostos. Segundo Julia Kater, a montagem tem a forte presença da linguagem do recorte, uma vez que os elementos e territórios, em cinza, surgem a partir de uma área comum entre as nuvens, como se fossem áreas de acordo que dão origem a um novo território.
“Essa área surge a partir da sobreposição de duas imagens, que são sempre nuvens em diversas formas, remetendo a algo cartográfico. Quando fiz este vídeo, parti das fotos que tinha de nuvens, e depois fiz animação dando movimento a elas, mas são fotos. Pensei na origem dos territórios, como estes partem sempre de acordos ao longo da história. Achei que a imagem da nuvem é um ótimo elemento para mostrar o quanto estes acordos são efêmeros e frágeis, já que eles estão em constante movimento, se refazendo o tempo todo”, analisa a artista.
“Acordo” é uma montagem de imagens em movimento, retratando céus que se esbarram e se justapõem, estruturando zonas de arranjo que acomodam as sempre mutáveis e impositivas linhas que desenham um território. Para a curadora Julia Lima, a aleatoriedade das composições do vídeo gera um duplo entendimento: de um lado, a dimensão política de acordos de poder que estabelecem fronteiras e, de outro, a existência de uma latente fragilidade dos relacionamentos entre pessoas.
“É impossível não se perder nesses territórios estranhamente familiares, experiência que é potencializada pela trilha sonora ansiosa, de ruídos cheios de suspense que parecem reproduzir a vibração da terra ou o correr do vento. Os longos graves monotônicos (que poderiam ter saído de uma composição de John Cage ou Stockhausen) sustentam um clima de tensão e potência, em uma expectativa quase cinematográfica que nunca chega a se revelar”, afirma Julia Lima.
Sobre Julia Kater: Suas obras estão presentes em acervos de importantes instituições, entre elas Museu de Arte do Rio, Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Centro Cultural UFG, Fundacíon Luis Seoane (La Corunha, Espanha), Fundação PLMJ (Lisboa, Portugal), e Rencontres Internacionales Paris/ Berlin – New Cinema and Contemporary Art (Paris, França). A artista participa regularmente de exposições no Brasil e no exterior, mostrando seus trabalhos na França, Estados Unidos, Bélgica e Portugal.
Suas exposições mais recentes são: Rencontres Internacionales Paris/ Berlin – New Cinema and Contemporary Art, Gaîté Lyrique (França, Paris 2017); Da banalidade – volume 1, Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, Brasil – 2016); I Bienal de Assunção (Assunção, Paraguai – 2015); Abstratión, Galeria Fernando Pradilla (Madrid, Espanha – 2016); No lugar que chegamos, MAC Jataí (Goiás, Brasil – 2016); Breu, SESI MINAS (Belo Horizonte, Brasil – 2016); e Frestas – Trienal de Artes, Sesc Sorocaba (Sorocaba, Brasil – 2014); SIM Galeria (Curitiba, Brasil – 2014).
ACORDO
Abertura: 22 de junho de 2017, às 18h30
Exposição: de 23 de junho a 14 de julho
Horário de visitação: de segunda a quinta, das 13h às 19h.
Sexta-feira, de 13h às 18h
Galeria de Arte Ibeu
Rua Maria Angélica, 168
Jardim Botânico – Rio de Janeiro/RJ