Experimento #1 indica tratar-se de uma investigação em processo, de algo que não se reduz ou conclui-se nesta amostragem. Apresenta-se aqui certo número de trabalhos – de proposições –, amarrados entre si tanto por um laço conceitual quanto por um conjunto de operatividades delicadas e sutilezas bem demarcadas. Cabe ressaltar, no entanto, que não estamos diante da frieza de um laboratório, mas daquele instante em que especulação mental torna-se poesia em estado visual, em que imagens (re)assumem seu caráter transformador diante do mundo.
Mundo é constructo, dimensão ampliada em que esses trabalhos são concebidos, materializam-se a partir de representações, da experiência filtrada por meio dos sentidos e constantemente (re)elaborada pelo intelecto. É o campo ampliado de investigação da artista, fornecedor da matéria que alimenta seu processo, e local da apreensão dos trabalhos por parte do espectador, a partir de suas referências e informações (visuais, conceituais e vivenciais) contidas e geridas pela memória. Justamente por essa dupla manipulação de imagens, por parte da artista e do espectador, que se pode constatar que os trabalhos apresentados constituem-se no limiar do risco.
Risco como ousadia e incerteza, mas acima de tudo como dimensão projetiva, acordo entre o dado mental e sua materialização por meio do traço, da impressão, da projeção de uma imagem. Esses trabalhos não se resumem a mero pensamento, nem mesmo à visualidade pura. Se diante de nós temos uma proposição perceptivelmente precisa, íntegra, sem elementos dispensáveis, ao mesmo tempo, mediante a sutileza de sua operatividade, impera em sua aparência uma atmosfera de fragilidade, uma vez que a articulação de seus elementos explicita constantemente pequenas transformações, quase imperceptíveis, que são sugeridas diante de nossos olhos. São aproximações frágeis – porém potentes –, estabelecendo-se numa borda.
Borda como fronteira entre o que o trabalho é e aquilo que não é. As operações propostas pela artista lembram-nos o mecanismo de um jogo, em que os elementos podem ser permutados, assumir determinada configuração, para, no próximo instante, na próxima jogada, mediante um simples deslocamento, uma nova associação mental, serem completamente reelaborados mentalmente. Os trabalhos de Mayana Redin são presenças definidas, escolhas precisas, combinações estabelecidas; beiram, no entanto, o estado do vir a ser, do desvanecimento quase latente, habitam o limite delicado de um quase desaparecimento. Nisso guardam a condição de experimento.
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