1- Na sua opinião, por que jovens artistas ainda têm interesse em participar de salões?
Bom, eu acredito que possa responder pela minha experiência. É a segunda vez que participo de um salão nacional, o primeiro foi no ano passado, em Itajaí. Eu me lembro da vontade de participar que nasceu, não somente em mim, mas em muitos outros, um desejo-comum que levou grande parte dos artistas a viajar para montagem e abertura do salão. Ele aproximou pessoas e suas zonas de processos criativos, costurando laços de afetos entre os artistas e a cidade. Com o Novíssimos, também nasceram múltiplos diálogos, nas experiências de convivência entre as obras, em ações que incentivam essas trocas, como essa entrevista, por exemplo. Curioso perceber que re-encontrei no Novíssimos com artistas que também estiveram em Itajaí, visitando ou participando do salão.
2- Qual a importância para você em colaborar com um projeto como Novíssimos? O que isso agrega (ou agregaria) para sua formação e para sua trajetória artística?
Toda exposição artística é uma enunciação, um gesto importante, exercício de escrita no espaço através de escolhas e enfrentamentos. O Novíssimos possui história, um percurso de ações desde os anos 60. Muitos dos artistas que foram premiados anteriormente são artistas com os quais me interessa muito estabelecer uma conversa… Receber e dividir o prêmio com Daniela Seixas foi uma surpresa feliz, reconhecimento do nosso trabalho, também uma proposta de conexão entre as trajetórias individuais. Estou certa que este tipo de projeto desperta uma vontade de continuidade, existem fluxos nessas relações. Agora começaremos a pensar nas exposições individuais para 2012, o que vejo como um convite desafiador.
3- Como ficou sabendo das inscrições? Já conhecia o Salão ou a Galeria Ibeu?
Sim, eu já conhecia a Galeria Ibeu, visitei algumas vezes… Vi esse espaço se transformar com a reforma, ganhou amplitude e luminosidade. Sua localização e construção também chamam minha atenção. A Galeria Ibeu está localizada no coração de Copacabana, possui uma parede de frente toda envidraçada, o que possibilita uma relação de transparência na arquitetura. O movimento contínuo das ruas, ruídos, construções, passantes, moradores e trabalhadores estão em imediata
interação, se atravessam e tangenciam a todo tempo, gosto de pensar nessas camadas que envolvem o lugar…
4 – De que modo o(s) trabalho(s) exposto(s) na Galeria pode(m) ser compreendido(s) em relação a sua produção, vista em conjunto?
É uma pergunta interessante. Acho que primeiro há uma questão de pensar sobre a representatividade da produção artística, e como ela pode ser acionada por uma exposição coletiva, seja com outros artistas ou numa individual. Estou apresentando três trabalhos em diferentes mídias no salão, porque meu processo não está focado no desenvolvimento de uma pesquisa dentro de uma especificidade técnica, mas precisa querer experimentar diversas linguagens, a partir do que posso estruturar de um pulso poético inquietante.
5- Poderia falar um pouco sobre seu processo investigativo?
O quanto nós podemos pensar a nossa prática? Parece cada vez mais claro a necessidade de pensarmos o que estamos fazendo, para que estamos fazendo… A maneira como nos colocamos no mundo, como exercitamos essa prática artística é um ato político, o que não tem nada que ver com partidarismo e politicagem. Em particular, existe uma questão com o tempo dentro do meu trabalho. Pretendo ser sempre um agente do indefinido, o estrangeiro, para quebrar o que chamamos “habitual”, des-naturalizar a percepção comum do mundo, no sentido de seu comodismo e anestesia. Arte para mim é correr riscos, assumir a descontinuidade, o fluxo, a experiência.
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