1- Na sua opinião, por que jovens artistas ainda têm interesse em participar de salões?
O artista está sempre buscando um espaço para seu trabalho; principalmente o artista jovem, que ainda não possui tantas facilidades de articulação para encontrar esse espaço. Quando falo de espaco, não me refiro somento em relação ao espaco físico da galeria. Falo de um espaço onde o trabalho possa existir dentro de uma cena; onde ele dialogue com outros trabalhos, passe por uma curadoria, onde ele possa ser visto por pessoas que participam e constroem essa cena (artistas, curadores, críticos, donos de galerias, diretores de instituições, etc.)
2- Qual a importância para você em colaborar com um projeto como Novíssimos? O que isso agrega (ou agregaria) para sua formação e para sua trajetória artística?
Pra mim foi ótimo estar no Rio e conhecer algum dos artistas, o curador, conversar, fazer contatos, saber-se inserido num cenário onde existem artistas jovens que acreditam no seu trabalho e o exercem de forma coerente; isso dá força pra continuar no seu caminho, produzindo. Além de ser muito importante pro artista ver seu trabalho com uma certa distância, fora do ateliê, ali na galeria ao lado de outros trabalhos. Isso ajuda você percebê-lo e criticá-lo de outras formas. Os Salões de arte ainda tem um problema que é de só poder mostrar um recorte muito superficial da obra e pesquisa de cada artista, então cabe ao artista e ao organizadores do Salão de buscar opções para contornar essa questão e tentar ir além da exposição.
3- Como ficou sabendo das inscrições? Já conhecia o Salão ou a Galeria Ibeu?
Fiquei um ano morando fora, produzindo livremente sem participar de exposições ou submeter meu trabalho à galerias ou editais. Então esse ano resolvi que era hora de me procurar me inserir dentro de um circuito de arte, e pra isso percebi que os salões poderiam ser uma boa opção. Pesquisei editais que eram coerentes ao meu perfil e ao meu trabalho, e o Novíssimos foi um deles. Sendo de Brasília, ainda não tinha visitado a Galeria Ibeu, só ouvido falar, mas fiquei feliz de participar do Salão e ver trabalho que todos fizeram.
4- De que modo o(s) trabalho(s) exposto(s) na Galeria pode(m) ser compreendido(s) em relação a sua produção, vista em conjunto?
Os desenhos que estou expondo nos Novíssimos fazem parte de uma nova pesquisa que comecei a desenvolver esse ano. Estava insatisfeito com meu trabalho, então criei algumas “armadilhas” pra mim mesmo a fim de que eu tomasse outros rumos dentro do trabalho. Confesso que são desenhos ainda um pouco misteriosos pra mim, mas que continue assim; o entendimento completo também é a morte do trabalho.
5- Poderia falar um pouco sobre seu processo investigativo?
Ainda estou “tateando” o mundo. Buscando meus interesses, meu medos, criando diálogos com artistas que adimiro, observando coisas que me encantam e me assustam. E no momento utilizo o desenho pra ser o canal entre esse “eu artista” e o mundo. O desenho carrega essa coisa interessante de poder ser ao mesmo tempo obra e registro do processo. Me interessa a imagem, a fotografia, ilustrações, paisagens… e transfiro esse interesse de forma pictória pro meu trabalho. Também tenho pesquisado e me envolvido muito com o feitio do desenho: os materiais, texturas, papeis, as pequenas delicadezas e a sensualidade dessa técnica.
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