No último post, falamos um pouco sobre o ensino híbrido – ou blended learning – e os seus modelos. Nos últimos meses, o termo ensino híbrido tem sido usado para nomear mais uma modalidade que surgiu pela necessidade de um novo modelo de ensino pós COVID 19. O modelo em questão permite que uma turma de alunos seja dividida em grupos, e esses grupos se revezem entre a aula presencial e a aula remota. Dessa forma, metade dos alunos assiste à aula na escola e metade assiste à mesma aula, ao mesmo tempo, mas de casa. E depois os grupos se revezam.
O modelo surgiu pelas necessidades de distanciamento em sala (e consequente inabilidade de acomodar todos os alunos em uma mesma sala) e também pela insegurança de alguns pais em enviar seus filhos para as aulas. Apesar de não ser um dos 7 modelos reconhecidos como ensino híbrido, ele tem sido chamado dessa forma por conciliar o virtual com o presencial.
Algumas teorias ajudam a entender um pouco melhor o funcionamento desse modelo que pode parecer desafiador de primeira. A primeira teoria se chama Hyflex learning (Brian Beatty, 2012). O nome é uma mistura de hybrid (híbrido) + flexible (flexível), e seu objetivo é fazer com que os alunos tenham experiências equivalentes, seja presencialmente ou online de forma síncrona (ao vivo) ou assíncrona (no tempo do aluno). O hyflex é uma solução flexível para as escolas que estão sendo desafiadas por questões de espaço de sala de aula ou orçamento. Neste vídeo aqui, vemos uma adaptação do termo para o português: AltFlex, que mantém a ideia de uma aula altamente flexível.
Outra teoria que embasa esse modelo chama-se Resilient Pedagogy (Josh Eyler, 2020) – ou pedagogia resiliente. É uma estratégia de desenho de curso que faz com que as aulas sejam o mais resistentes à disrupção possível. A ideia é que o professor planeje uma única vez, considerando o que irá funcionar para os alunos não importa onde eles estejam.
É claro que, por ser um novo modelo, é bastante desafiador e há muito a se considerar. Nas aulas de inglês por exemplo, não abrimos mão da interação entre os alunos. Como manter essa interação entre alunos remotos e presenciais? Há escolas adotando modelos que limitam essa interação e em que os alunos de casa só veem o professor. Isso pode funcionar para aulas mais tradicionais, talvez, mas para nós é essencial que os alunos aprendam com seus colegas.
Não podemos tornar esse novo modelo um fardo para o professor também. Como funcionaria esse planejamento? Seriam duas aulas diferentes? Diferentes tarefas para alunos online e presenciais? Isso ocasionaria um trabalho extra para o professor e também não é o que desejamos. O que acreditamos é em uma única aula que funcione para os dois grupos de alunos. Há muito tempo já trabalhamos com BYOD (bring your own device – traga o seu próprio dispositivo) e utilizamos ferramentas digitais nas aulas. Agora não tem como ser diferente. Muitas ferramentas digitais auxiliam na interação e colaboração entre os alunos, especialmente se eles não estão todos em sala.
Fato é que o modelo é novo e há muito ainda a se aprender! O que não podemos esperar é que as coisas voltem ao “normal” pós-pandemia e precisamos entender o que irá funcionar melhor para o aprendizado, sem deixar de levar em conta a segurança e bem-estar de todos os envolvidos.
Roberta Freitas
Coordenadora Acadêmica e Google Innovator
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